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A explosão da informação

Renato Sabbatini

Com a Internet praticamente dentro das casas de quem quiser e puder tê-la, já não são mais importantes os problemas de onde conseguir informação e como ter acesso a ela. O problema agora é o que fazer com tanta informação !

Em praticamente todas as palestras que dou sobre a Internet, tem sempre alguém que diz estar preocupado com o "excesso" de informação, com o verdadeiro dilúvio de informação, que torna dificilimo para qualquer pessoa, com suas limitações biológicas e de tempo, acompanhar. Está todo mundo se sentindo "afogado" em informação. Tem gente até que tem verdadeira repulsa pela Internet, por não querer se sentir incomodado pela existância de tanta informação, que nunca vai conseguir ler.

Pois bem, a Internet não representa nenhuma novidade nesse aspecto. O volume de conhecimento acumulado vem subindo exponencialmente há pelo menos um século, com ou sem Internet. Um bom exemplo é dado pelas publicações periódicas (revistas) científicas, que são usadas pelos cientistas para comunicar seus resultados de pesquisa. No começo deste século, existiam apenas 10 revistas de circulação mundial. Em 1990, esse número tinha aumentado para 100 mil revistas, e até o final do século esse número terá dobrado, em apenas dez anos, para 200 mil revistas ! Isso quer dizer que uma pessoa que lesse razoavelmente rápido, conseguia se manter atualizado sobre o que existia de mais importante em ciência, em 1900. Hoje, não consegue nem acompanhar sua sub-sub-sub-especialidade…

A Internet torna as coisas mais aflitivas para nós, porque ela facilita tanto o acesso à informação. De novo, o mesmo exemplo: as bibliotecas brasileiras, tomadas em conjunto, assinam menos de 30 mil das 200 mil revistas científicas em circulação. Para localizar e obter uma cópia de um artigo publicado em uma revista que não existe aqui é um sufoco. Demora meses, se conseguir encontrar, e tem um alto custo (alguns serviços internacionais cobram até 30 reais por um fax de um artigo de dez páginas). Se ele estiver na Internet, é totalmente o oposto. Consigo encontrá-lo em alguns minutos, e posso obter o artigo quase que instantaneamente, quase sempre de graça. Se tiver que pagar, custará entre 2 a 5 dólares por artigo.

Alías, estão ficando cada vez mais comuns as bibliotecas gigantescas de artigos com acesso por assinatura, na Internet. Eu assino três serviços, todos excelentes: a Electric Library, que tem mais de 300 mil documentos, fotos, videos, etc (custo: 5 dolares por mês. Endereço: http://www.elibrary.com, a Microsoft Encarta Library (custa 45 dólares por ano, tem 1,2 milhão de artigos, endereço: http://encarta.msn.com/library/intro.asp) e a Encyclopaedia Britannica, em versão completa, com texto e imagens, além de uma série de bancos de dados e artigos adicionais (custo: 80 dólares por ano, endereço: http://www.eb.com) . Realmente vale a pena, pois todos permitem a pesquisa usando-se palavras-chave, e dão resultados de forma muito rápida. É um verdadeiro deleite para quem tem que pesquisar algum assunto.

Em conclusão, a atual situação da Internet é provisória. No futuro, esse gigantesco acervo de informação poderá ser acessado de forma cada vez mais inteligente e racional, diminuindo, e não aumentando, a confusão atual e a nossa sensação de impotência perante a "pororóca" de informação. Em alguns artigos anteriores eu já comentei como serão essas novas tecnologias. Quem quiser lê-los, todos meus artigos já publicados no Caderno de Informática do Correio Popular estão disponíveis em http://www.epub.org.br/correio


Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas, 23/12/97.

Autor: Email: sabbatin@nib.unicamp.br
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