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Gente com algo em
comum |
Endereços
virtuais têm temas que vão da ufologia à paixão por
carros |
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Pai de família e quarentão, nem por isso o
engenheiro carioca André Vicente deixa de assinar e responder
diariamente às listas de e-mails sobre ufologia e a série de filmes
Guerra nas Estrelas. "A maioria das pessoas, no meu ambiente de
trabalho e na vizinhança, tem gostos diferentes dos meus. Na
internet, eu conheci pessoas que são parecidas comigo, e posso
discutir minhas paixões sem grilos", explica. Entre as atividades
promovidas pelos freqüentadores das listas, as principais são a
troca de vídeos de supostas autópsias alienígenas e imagens de
discos voadores, além de encontros regados a muita cerveja. "É a
mesma coisa de uma discussão sobre futebol. Tem gente que acha que o
vídeo é verdadeiro, outro que acha que é montagem. No final, é uma
diversão", brinca.
Sobre o assunto, o professor
da Unicamp Renato Sabbatini cita em seu artigo Comunidades Virtuais
e Ética o livro de ficção científica He, She and It, da autora
Margot Piercy. Ela faz uma ousada e original exposição de como
poderia ser o futuro dasredes globais de computadores na metade do
século que vem. "Segundo ela, todas as redes estariam integradas em
uma só, chamada de Net. Os países deixarão de existir, sendo
divididos em dezenas ou centenas de comunidades menores e autônomas,
que trocarão bens e serviços entre si, através da rede. Contatos
físicos entre pessoas de diferentes comunidades serão muito raros.
Cada pessoa terá uma presença na Net, através de uma persona, ou
seja, um aspecto exterior e personalidade que poderão ser mutantes.
Pode parecer exagero, mas certos aspectos já são bem reais.
Alguns programas, como o MSN Messenger, permitem que seus usuários
representem-se através de avatares, figuras através das quais
desejem ser conhecidos. O artigo continua: "As comunidades virtuais
(que estão começando a aparecer aos montes na proto-Net, que é a
internet de hoje) têm uma dinâmica nova, e quimera é um nome
apropriado tanto para elas quanto para seus habitantes. A imprensa
tem noticiado, de vez em quando, que namoros pela internet podem ser
perigosos, pois quem se esconde atrás de uma caixa de correio
eletrônico pode se caracterizar como bem entender. Nem mesmo a
possibilidade de transmitir voz e imagem chega a mudar a situação.
Apesar disso, quem freqüenta e se relaciona via
web é contra a generalização da má conduta. "Acho que as pessoas
deveriam se informar mais, pois essas comunidades são formadas por
pessoas que têm interesses em comum e vêem ali um ambiente onde
podem expressar suas opiniões", conclui Hugo. (I.M.)
iuri@pernambuco.com |
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