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O crescimento dos PCs

Renato Sabbatini

As estatísticas são impressionantes: em 1994 o Brasil tinha cerca de 2,1 milhões de computadores pessoais (PCs) em uso. Para 2001 a previsão é de que sejam 12,8 milhões, e que em 2002 cheguem até os 16 milhões, ou seja, um para cada 9 brasileiros. É um crescimento de 630% em apenas nove anos.
Os principais combustíveis desse enorme crescimento estão sendo a popularização da Internet e a informatização das empresas, principalmente as de pequeno porte. Atualmente, até o açougue da esquina, o estacionamento e a costureira já têm microcomputador, e controlam seus negócios através dele. Cerca de 40% das famílias de classe média e 90% de classe alta têm computador em casa. Trata-se de um fenômeno de massa tão significativo quanto a disseminação do telefone, do rádio, da TV, e, mais recentemente, do aparelho de videocassete e do CD. O PC realmente virou um objeto de consumo de massa, como previram, visionariamente, seus criadores, como Steve Jobs, da Apple.

Outro elemento importante da explosão de vendas de PCs no Brasil (somente no primeiro trimestre de 2000 foram vendidos mais de 500 mil computadores, um volume igual ao do ano anterior) é a queda de preços, aliada às ofertas em pagamentos parcelados à perder de vista (36 meses ou mais), com juros relativamente toleráveis, pelas grandes cadeias de hipermercados. Hoje, com apenas R$ 85 por mês, é possível comprar-se um Pentium muito bem equipado, colocando os computadores ao alcance da classe média baixa, pela primeira vez. Para uma empresa, fica realmente fácil adquirir um computador. Nos últimos cinco anos, a queda de preços de computadores de tecnologia média (os mais procurados), chegou a ser de 42% nos EUA. No Brasil, como a maior parte dos componentes é importada, os preços acompanharam a queda internacional, apesar do baque da desvalorização do dólar, que já foi plenamente absorvida pelo mercado. Para este ano estima-se uma queda adicional de 15% nos preços de PCs.

Como o mercado aqui é menor, e com as taxas adicionais de importação, os preços brasileiros ainda são 30 a 40% maiores que nos EUA, mas os fabricantes mais competitivos estão diminuindo suas margens de lucro cada vez mais. Acontece uma coisa curiosa: a situação atual, representada por uma demanda aquecida e de uma escassez de componentes para fabricação de equipamentos, deveria segurar os preços. Isso não está acontecendo, por culpa da competição, que acaba sendo sustentada pela diminuição das margens de lucro e pelo subsídio à taxa de juros, por muitas revendas, que ganham nas quantidades vendidas..

Apesar do grande crescimento, é preciso lembrar que apenas 5% dos lares brasileiros têm computadores. Nos EUA são cinco vezes mais, e na Argentina, três vezes mais.
 



Renato M.E. Sabbatini é professor e diretor associado do Núcleo de Informática Biomédica da Universidade Estadual de Campinas, colunista de ciência do Correio Popular, e colunista de informática do Caderno Cosmo. Email: sabbatin@nib.unicamp.br

Veja também: Índice de todos os artigos anteriores de Informática do Dr. Sabbatini no Correio Popular.



Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas, 15/9/2000 .
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